sábado, 17 de julho de 2010

Dilema de Uriel

Uriel, o anjo da morte, um personagem secundário na Bíblia e amaldiçoado por todos os que o encontram, a ponto de ser visto como um antagonista, ou até um vilão da história. Porém o papel dele no mundo é muito maior do que de um mero coadjuvante e muito mais digno do que o do vilão.
Afinal...
Alguém já parou para pensar no quanto o anjo da morte tem influência em nossas vidas?
Seguimos vivendo, dia após dia, sem ter qualquer “certeza” do que virá em seguida, porém todos têm a idéia fixa de que um dia iremos morrer.
“A única certeza é a certeza da morte”
Logo, vivemos em um mundo que caminha conscientemente para a morte, sem poder fugir deste caminho de forma nenhuma.
“Ninguém pode enganar a morte”
A idéia de que a morte é inevitável é contagiosa e bem aceita em nossa sociedade atual, se você andar na rua e perguntar a qualquer pessoa, ela te dirá que irá morrer um dia.
(Me pergunto como seria a vida de uma pessoa que nega a idéia de morte)
“Afinal qualquer vida é nada mais que uma morte adiada”
Logo vivemos em um beco sem saída, ou seja, cada atitude que realizamos em vida, nos levará, inevitavelmente para a morte, portanto cada ato seu é um ato que terminará em seu falecimento tornando assim todos nós em suicidas.
Além disso.
Ninguém sabe o que ocorre após a morte, nós, como judaico-cristãos somos direcionados a acreditar no conceito de céu, inferno. De que após fecharmos os olhos nesse plano, os abriremos para a vida eterna no local que nossa vida mais demonstrou afinidade (Inferno para os maus, Céu para os bons). Há também as teorias de renascimento, onde após a morte nosso espírito retorna em outro corpo, para viver novamente.
Todas essas teorias são aconchegantes, mas e se na pratica não for bem assim? Ou pior e se for assim mesmo?
Qual seria a utilidade de viver uma vida que não iria acabar nunca, renascendo e renascendo, sem ter lembrança da vida passada (Alguém aqui sabe quem foi em outra vida? Nem eu.) e qual o motivo de viver se temos que conter todos os nossos desejos para chegarmos ao paraíso e lá, passarmos uma eternidade de mais contensão?
Mas não iremos entrar em tais assuntos ágoras, pois o mais importante é discutir se todas essas teorias reconfortantes não forem mais do que só isso, uma forma de deixar as pessoas confortáveis com a idéia de morte?
E se após nossas existências neste mundo nós simplesmente nos unirmos ao Nada que rege o universo?
Seríamos então futuros Nada... porém como o Nada não tem passado nem futuro. Nós somos nada... Ou melhor
“Não somos nada”
Essa visão pode ser aterradora e com o tempo se tornar desesperadora, pois torna a busca pela felicidade algo incrivelmente contraditório.
E tornar um paradigma social contraditório e sem valor, trás o caos e a anarquia à vida.
(Não sou um defensor da anarquia como sistema político)
“Seja feliz, ou morra tentando”
Talvez o capitalismo tenha se entranhado tão fundo no pensamento humano que nós agora só conseguimos pensar em ter mais e mais, porém quando obtemos tudo o que queríamos, descobrimos coisas que não temos... Então as queremos. Ou não, isso talvez seja da natureza humana, possuir sempre mais!
Mas isso não é importante.
O importante é que esse ideal de sempre querer mais está, hoje, infiltrado na nossa busca pela felicidade
“A busca pela felicidade”
A felicidade geralmente é atribuída a um objeto, ou objetivo.
Objetos(objetivos) esse que só tem o valor que atribuímos as ele.
E a ‘busca pela felicidade’ é o caminho que se utiliza para alcançar esses fins.
A felicidade (Objeto ou objetivo) depois de alcançada tende a perder valor com o tempo e mudamos nossos objetivos, e objetos, padrão para perseguirmos novamente a felicidade.
Logo a busca pela felicidade é um ciclo onde o ponto inicial/final se chama infelicidade.
A busca pela felicidade está presente na sociedade como um todo desde que a cultura foi criada, mas quem é que pode dizer que é realmente feliz?
“Da felicidade a anarquia pessoal”
Coloquemos agora nossas mentes para funcionar, só por uns segundos, uma pessoa passa sua vida em busca da felicidade, porém sempre que a consegue, ela altera seu padrão de felicidade e consequentemente se tornando infeliz e recomeçando a sua jornada para a tão esperada felicidade... Esse ciclo continua até que essa pessoa morre se juntando ao Nada.
Onde mora o problema nisso?
Se nunca somos felizes para sempre, e não existe um propósito para vivermos, por que então insistimos na procura de algo que virtualmente não existe e não tem valor algum?
Já que não somos Nada, o mundo a nossa volta também faz parte desse Nada que somos. Logo nossas vidas são Nada, e só tem o valor que atribuímos para ela (Pois um dia já fomos o ideal de felicidade de alguém)
Essa idéia gera a chamada ‘anarquia pessoal’ pois nenhum poder pode responder essas perguntas, já que nenhum poder é digno por ele fazer parte do nada, sendo assim: nenhum poder existe.

“Fim”
Uriel, o anjo da morte, espreita muito mais a nossa vida do que imaginamos, tendo que, somos Nada, e a morte é o momento no qual passamos desta ilusão de algo para o Nada absoluto, Uriel sendo aqui a própria Morte, seria ele a única coisa que existe no universo.
A morte existe. A vida é contestável?
Talvez sim.
Para finalizar:
“A felicidade é o primeiro passo para a estupidez”

Um comentário:

  1. Oi. Passando por aqui e gostando.
    Como minha avó já dizia " Não quero ficar para semente" O anjo por muitas vezes é uma benção.Mas no meu caso sendo uma vampira o trabalho dele será bem maior.
    Boa semana

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